quinta-feira, 28 março, 2024

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Visto como “netista”, Bellintani recebe bênção de Lula para concorrer em 2020

Além de ter citado ontem em Salvador o grito de guerra do Esporte Clube Bahia em seu discurso, no que muitos petistas viram como uma referência a Guilherme Bellintani, o ex-presidente Lula permitiu que levassem ao presidente da entidade a informação de que seu nome tem chances plenas de receber sua bênção para concorrer à Prefeitura de Salvador tanto no PT quanto em qualquer dos partidos da base aliada do governador petista Rui Costa.

Lula deixou claro à cúpula do PT que já acompanhava os movimentos em torno da candidatura de Bellintani à sucessão na capital baiana desde Curitiba, onde ficou preso por 580 dias, por meio dos muitos informes que lhe chegaram neste período sobre os cenários eleitorais e políticos em todo o país. A alguns interlocutores chegou a comparar a caminhada de Bellintani no Clube à lendária Democracia Corinthiana.

O movimento, surgido na década de 1980 no time Corinthians, foi liderado por um grupo de jogadores jovens e politizados como Sócrates, Wladimir, Casagrande e Zenon, que, em alguns casos, foram até perseguidos já no final da Ditadura. Como não conseguiram se encontrar nem é esperado que o façam mais na Bahia, o mais provável é que Bellintani seja levado a ele, em São Paulo, nos próximos dias.

Antes, no entanto, o presidente do Esporte Clube Bahia deve ter uma reunião com a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffman, a ser marcada, conforme circulou ontem no Encontro Nacional do partido, pelo presidente estadual, Everaldo Anunciação. O encontro pode selar o compromisso do presidente do Bahia no sentido de se filiar ao PT ou apenas de concorrer à Prefeitura como aliado do partido.

Ela também compactuaria da visão externada por Lula de que Bellintani tem um olhar especial para o social demonstrado nas políticas que vem desenvolvendo para o Bahia que atraíram a atenção até do The Guardian, o tradicional jornal inglês simpático às esquerdas. Conforme antecipado por este Política Livre, a possibilidade de Bellintani concorrer foi abertamente tratada no evento petista pelos líderes do partido na Bahia.

No encontro, ficou decidido, por exemplo, que um grupo de lideranças comunitárias ligadas à agremiação se organizará para pedir o lançamento da pré-candidatura de Bellintani pelo PT já no próximo mês. O objetivo é calar a boca daqueles que argumentam, como o deputado federal Jorge Solla, que a idéia de lançá-lo à Prefeitura é um movimento restrito à cúpula partidária.

Os articuladores da mobilização pró-Bellintani acreditam que a iniciativa terá a capacidade de mostrar tanto aos setores do partido que resistem ao seu nome quanto ao governador, que muitos acreditam que demora a se engajar na pré-campanha do presidente do Esporte Clube Bahia, que o partido tem um nome “excepcional” para chamar de seu na sucessão municipal.

Em conversas com petistas durante o evento, este Política Livre apurou que não é o fato de ser branco, de descendência européia, nem considerado rico o que afasta Bellintani das bases petistas, mas, principalmente, a vinculação política pregressa dele com o grupo do prefeito ACM Neto (DEM), de quem foi secretário em duas pastas distintas no primeiro mandato do democrata.

“Este talvez seja o mais forte desafio que Bellintani precisa enfrentar internamente”, diz uma fonte do partido, observando que o presidente do Esporte Clube Bahia conseguiu, depois do posicionamento de Lula, fechar completamente a cúpula partidária em torno de seu nome, o que considera um feito realmente notável.

 

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