sexta-feira, 29 março, 2024

EXPEDIENTE | CONTATO

Teobaldo Costa admite que disputará a prefeitura de Lauro de Freitas

“Para crescer, só existe um caminho: gerar emprego, renda e prosperidade”.

O empresário e dono do Atakadão Atakarejo, Teobaldo Costa, é um exemplo de baiano que deu certo na vida. E, agora, ele quer usar a sua trajetória de gestor na iniciativa privada para se cacifar e se eleger prefeito de Lauro de Freitas. O ex-feirante, que também gosta de dizer que foi jornaleiro, empacotador, gandula, cobrador, ambulante e cambista, entre outros ramos de trabalho, sempre faz questão de lembrar a origem humilde no bairro do Nordeste de Amaralina, em Salvador, para incentivar as pessoas. “Construí trabalhando muito e eu ando em qualquer lugar aqui na Bahia sem que digam que desrespeitei ou perdi a humildade e simplicidade. Continuo sendo a mesma pessoa que era quando não tinha nada. Dizem ‘você esquece que tem dinheiro’. Digo que o dinheiro é do povo. O Atakarejo é um patrimônio do povo baiano. Então, acho que esse conhecimento que tenho de gestão, de empreendedor, de executivo”, diz, em entrevista exclusiva à Tribuna. O veterano do varejo afirma que pretende fazer uma gestão baseada na geração de emprego e fortalecimento da educação no município. “Tenho feito na minha vida muito trabalho social. Dou a vara e o anzol. Temos que dar oportunidades para as pessoas, dar educação”, pontua. Teobaldo lembra que “Lauro de Freitas é a sétima economia do estado da Bahia, é uma cidade com 200 mil habitantes, com orçamento de R$ 558 milhões e tem os piores indicadores sociais da Bahia”. Ainda na entrevista, ele faz uma análise da cena política atual e projeções para a eleição de 2020.

Tribuna – O senhor vem de uma origem humilde e conseguiu construir um império. Qual a fórmula para esse sucesso?

Teobaldo Costa – Trabalho, muito trabalho. Sempre digo que o segredo do sucesso é o trabalho. É claro que hoje não é só o trabalho. Você tem que ter conhecimento técnico, acompanhar o desenvolvimento do setor que você quer empreender. Você tem que estudar, conhecer, saber como é que funciona, ver os concorrentes… Enfim, estar totalmente inteirado de como a coisa funciona. Senão, você vai entrar e não vai funcionar.

Tribuna – É um empresário bem-sucedido e que tem agora pretensões políticas. Como o senhor pretende iniciar na nova carreira a partir de agora?

Teobaldo Costa – Na vida a gente passa e marca. Fui de origem pobre, nasci na região do Nordeste de Amaralina. É difícil encontrar alguém que tenha sido tão pobre quanto eu, porque no passado, quando eu era criança, a gente ia para a feira vender a coisa que colhíamos no sítio e comprávamos uma cabeça de porco para comer em casa. Comia mais o que a gente plantava, que era batata, inhame, aipim, o feijão era de corda, a galinha que a gente tinha era a que criávamos. Trabalhamos muito. Meu pai era analfabeto, mas tinha muitos valores. São valores que agradeço muito tanto a meu pai como minha mãe. Apesar de eles terem sido muito rigorosos comigo, deixou essa coisa de fidelidade, de família, de não mentir, de não enganar, de trabalhar muito. Trabalho desde os oito anos de idade. Sempre procurei ser o melhor dos melhores. Sempre digo para as pessoas ‘procure ser bom, dar o melhor de si. Se o seu patrão não reconhecer, outra pessoa vai escolher’. E tudo o que a gente aprende um dia, serve.

Tribuna – O que o senhor pretende levar para a política dessa sua bagagem de vida?

Teobaldo – Como eu falei, o que a gente passa na vida, a gente marca. Construí tudo isso. Acho que tem a pessoa que é próspera e tem a pessoa que é rica. Rica é quem ganha dinheiro com herança, loteria, passando por cima das pessoas, sonegando… E próspera é aquela pessoa que hoje tem muito no Brasil: ganha dinheiro trabalhando, de forma honesta, pagando impostos e respeitando as pessoas. E eu sou uma dessas pessoas. Tenho muito orgulho disso. Construí trabalhando muito e eu ando em qualquer lugar aqui na Bahia sem que digam que desrespeitei ou perdi a humildade e simplicidade. Continuo sendo a mesma pessoa que era quando não tinha nada. Dizem ‘você esquece que tem dinheiro’. Digo que o dinheiro é do povo. O Atakarejo é um patrimônio do povo baiano. Então, tenho esse conhecimento de gestão, de empreendedor, de executivo. Tenho feito na minha vida muito trabalho social. Dou a vara e o anzol. Temos que dar oportunidades para as pessoas, dar educação. Dei educação ao meu filho. Quando ainda era pobre, tinha um táxi, coloquei meu filho na Escola Panamericana de Salvador. Foi um choque na escola. Ele pedia para eu largar ele longe, para o pessoal não ver. Disse a ele ‘vou lhe dar educação, não vou deixar nada para você. O dia que morrer, vou doar tudo para uma entidade filantrópica. Estude para você construir seu patrimônio e prosperar com a sua força de trabalho’. Depois mandei ele para os Estados Unidos e hoje é um grande executivo. A gente não pode conviver num país tão desigual, não podemos ser felizes. O filho do pobre merece estudar na mesma escola que o filho do rico estuda.

Tribuna – O senhor é mesmo candidato a prefeito de Lauro de Freitas e por que Lauro de Freitas?

Teobaldo Costa – Sou apaixonado por Salvador, nasci no Nordeste de Amaralina, mas já ando em Lauro de Freitas desde 2004. Tenho imóveis e terrenos lá. É a cidade do meu coração. A minha primeira loja foi lá. Foi a loja que fez o Atakarejo crescer. Então, meu cliente é o cliente C, D e E. É o pobre. E acho que até por uma questão de gratidão, eu sendo prefeito de Lauro de Freitas, com o conhecimento que tenho, posso fazer um trabalho social macro para atingir 200 mil pessoas e 40 mil crianças carentes que a cidade tem, principalmente focando no que acho que é prioridade em qualquer sociedade, que é educação em tempo integral. Mata de São João em dezembro vai chegar aos 100% das escolas e creches em tempo integral. Lauro de Freitas, tem 95 escolas e só duas em tempo integral. Aí tem a saúde e uma série de coisas que precisa melhorar. Gosto muito daquele povo de lá, que é carente e sofrido. Acho que posso dar essa contribuição doando os últimos quatro anos da minha vida, porque digo que você vive bem até 70 anos. Até 70 anos você faz tudo o que quer, anda de bicicleta, joga bola, sobe montanha, corre… Depois do 70, você só faz metade do que isso e depois de 80 só o que Deus quiser. Tenho 64 e em 2020 terei 66. Trabalhei 35 anos por 20 horas por dia sem folgar. Não tive infância e nem adolescência. Será sacrificante, mas se eles quiserem, vou dar os últimos quatro anos da minha vida por Lauro de Freitas.

Tribuna – Como avalia a gestão da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho?

Teobaldo Costa – Olhe, não sou muito de ficar falando das pessoas, nem de adversário político e nem de ninguém. Acho que a gente tem que mostrar o que é que poderia ser feito e não está sendo feito e o que se pode fazer. Gosto de caminhar, de bater na porta das pessoas, de ouvir as pessoas e dizer para as pessoas que Lauro de Freitas é a sétima economia do estado da Bahia, é uma cidade com 200 mil habitantes, com orçamento de R$ 558 milhões e tem os piores indicadores sociais da Bahia. É uma cidade com apenas duas escolas em tempo integral. A saúde é muito ruim, sem atendimento médico, exame, saúde ou cirurgia. A saúde é um direito constitucional de todos. Educação também. Em segurança, é da segunda até a quinta mais violenta entre as cidades mais violentas do Brasil, sempre. No saneamento básico, não tem orçamento para esgoto, os rios estão todos entupidos e poluídos. O asfalto não é requalificado há 20 anos. Quando você vai para emprego, é uma cidade que tem uma renda alta, é uma cidade perto de Salvador, mas não gera e não tem emprego. Não tem mão-de-obra qualificada. Precisa dar vários cursos de qualificação paras as pessoas, precisa chamar o empresário para empreender na cidade. Tem que colocar uma equipe técnica competente para liberar os alvarás. Você demora atualmente dois anos para abrir uma empresa ou alvará de construção. Tem muita coisa que é possível fazer e não está sendo feita.

Tribuna – Existem três Lauro de Freitas distintas: a pobre e sem perspectiva, de Portão e Itinga; a rica, de Vilas do Altântico; e a intermediária, que é a região do centro e da orla. O que fazer para tirar as barreiras que separam três cidades dentro de uma mesma?

Teobaldo Costa – Acho que todo gestor e todo prefeito é para todos, mas eles têm que priorizar os mais carentes. E eu gosto mais de caminhar e de priorizar as pessoas que mais precisam. Comecei a andar na cidade. O pessoal reclama, mas é permitido andar na cidade, bater na porta das pessoas e perguntar o que elas precisam. Comecei andando por Areia Branca, que é o lugar mais pobre que tem. E os bairros mais pobres. Depois, você tem Vilas, que é um choque realmente. Quando você vê Vilas e volta para Areia Branca, você tem aquele choque de realidade de vida. Então, acho que ninguém fica feliz de estar em uma realidade com dois extremos tão distantes. Para mudar, para crescer, só existe um caminho: gerar emprego, renda e prosperidade. É um problema não só de Lauro de Freitas, mas da Bahia e do Brasil. A gente precisa trabalhar para o Brasil voltar a crescer e empregue as pessoas. O Brasil é um país que a gente não pode se omitir da realidade. Não podemos não enxergar a realidade. Para quê você ser rico se você não tem nem condições de gastar o seu dinheiro? O país é o segundo país do mundo onde as pessoas têm mais medo de sair durante a noite. Tem que gastar em Miami e em outros países. Outro dia fui na Alemanha fazer uma visita técnica, peguei um táxi e mandei o motorista levar para uma favela. Ele me levou a um lugar parecido como Vilas do Atlântico, em Frankfurt. Fui numa concessionária. Quanto é um carro zero quilômetro? Oito mil euros. Quanto é o salário mínimo? 1700 euros, mas ninguém ganha menos que dois. Com quatro meses de salário, você compra um carro zero quilômetro. Na educação básica, pobres e ricos estudam no mesmo lugar. Saúde básica, todos têm. 30 anos que não tem desemprego. Assalto não existe. Fui na Austrália e vi que lá é parecido, é o Brasil que deu certo. Suécia, Dinamarca, Holanda… Um país rico como o Brasil, cheio de riquezas e belezas naturais que eles não têm, não deveria ter um pobre. A gente não pode ser feliz em um país com tanta desigualdade social, combatendo a corrupção e implantando uma gestão técnica.

Tribuna – Você já foi sondado pelo Novo, cortejado pelo PSDB e muita gente quer lhe ter em um partido político. Qual é o seu destino e o que vai levar em consideração na hora de definir isso?

Teobaldo Costa – Nunca tinha me filiado em nenhum partido político. Há mais de 20 anos que em toda eleição que todos os partidos me convidam para me candidatar e eu sempre fui administrador, empreendedor. Nunca nem tive tempo, apesar de gostar muito [de política]. Em toda eleição contribuo, procuro ajudar alguém e escolher uma pessoa séria que pode contribuir para mudar a política. Nessa eleição não foi diferente. Todos os partidos me procuram, de um extremo ao outro. Sou uma pessoa liberal, acredito em oportunidade da pessoa crescer e prosperar através da oportunidade. Tem o Novo, que é um partido que gosto muito, mas não me filiei ainda porque você só pode chegar e conseguir ser eleito.  Então, tenho que conversar com todos os partidos. Mas tem que ser um partido que combine com meus princípios e meus valores. Sou liberal e acredito no trabalho. Não tenho partido ainda, estou conversando. Tenho até março para decidir, mas acho que esse ano tomo uma decisão. Tem que ser um partido sério, coerente e justo. Não vou abrir mão dos meus valores. Se for para abrir mão, prefiro até desistir.

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