quinta-feira, 28 março, 2024

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Taurino Araújo (*1968),”o ano que não acabou”

Neste conturbado instante da vida nacional um esforço memorial-traumático no sentido de uniformizar discursos e práticas em prol da restrição da liberdade revela a impotência da falta de opção. Ditaduras não integram o cardápio das escolhas. Representam a impossível negação do indivíduo. Na hermenêutica da desigualdade de Taurino Araújo, CBJM, elas são, no mínimo, desnecessárias, pois a força sempre vem do interior e a ordem, também. A vida flui a partir de leveza, dança e espontaneidade, cada qual em seu lugar…

Defende-se (quando o correto seria defender o aprimoramento democrático), algo incapaz de tamponar ou encobrir o trauma que não pode ser encoberto em face das evidências e de suas memórias, conforme descreve a professora Évila Ferreira de Oliveira, da Universidade de Feira de Santana (UEFS) em sua tese doutoral: Cicatrizes da permanência — resistência e testemunho na escrita de Charlotte Delbo e Lara de Lemos.  Por exemplo, embora se impusesse que tudo estava muito bem, o meu Jornal estudantil Olho Vivo teve de ser fechado em Cruz das Almas e mesmo o transcurso de 54 anos, impede que os envolvidos consigam frear o que Marcel Proust denomina de “memória involuntária”, fazendo com que o passado passe a vigorar no tempo presente aí permanecendo através do reconhecimento (Henri Bergson) ou da recuperação (Paul Ricoeur).

A nota de reinvenção, impacto e esperança na obra de Taurino Araújo au- delà de Socrátes, Platão e Aristóteles (como afirma Nelson Cerqueira) também desemboca na detenção da maior honraria do Estado, a Comenda de Cidadão Benemérito da Liberdade e da Justiça Social João Mangabeira (CBJM), concedida a apenas meia dúzia de notáveis, entre eles, Jorge Amado. Afirmei que a sua hermenêutica da desigualdade é integradora de sujeitos, saltos morfológicos, sintáticos e semânticos  para a consideração total da diferença. Precoce oposição à Ditadura Militar do Brasil e a favor da Anistia, Grêmios Livres e Diretas Já. Taurino nasceu em 1968, o “ano que não terminou” Zuenir Ventura.

*Edson Reis Santana – advogado, licenciado em letras e filosofia, psicanalista.edson.adv66@yahoo.com.br 

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