sábado, 20 abril, 2024

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Tasso Franco

Desde que o Carnaval foi instituido oficialmente, em 1884, que os gestores públicos municipais usam uma frase chavão que já completou mais de um século: “Este foi o melhor Carnaval de todos os tempos”. Só lembrando mais recentemente gestores como Mário Kértesz, Fernando José, Lidice da Mata, Antonio Imbassahy, João Henrique e agora ACM Neto repetiram a mesma frase com pequenas variações, mas, sempre nesse tom. A população já entendeu que essa é uma peça de marketing e releva.

O Carnaval de Salvador tem rito próprio ainda que o governo do Estado e Prefeitura Municipal organizem e apoiem. Mas quem decidiu a última guinada, a camarotização, e isso está a completar 30 anos nesse atual modelo, foi a iniciativa privada. E atinge todas as camadas da população, pois, se não sabem, existem os camarotes afros.

Há, em curso, um novo movimento – o Momo Pipoca – ainda sem uma garantia de que poderá ser sucesso mais adiante porque quem banca o pipoca, no fundo-no fundo, são os ‘pipoqueiros’. Ou seja, os foliões, na medida em que os trios e artistas são pagos com verbas do governo do estado (dos nossos impostos) e da iniciativa privada beneficiada pela PMS na exploração de bebibas. No momento em que compra uma ‘piriguete’ você tá ajudando a pagar o pipoca. Se compra um sabonete no supermercado o ICMS ajuda a pagar o pipoca.

No momento em que entrar um gestor que não queira bancar isso, desmantela. Os artistas, aliás, descobriram esse filão e difundem o pipoca como uma coisa salutar (e é mesmo, pois, evita cordeiros) desde que recebam cahcês. E pelo divulgado são cachês astronômicos, alguns na casa de R$500 mil. Uma sopa no mel.

Neste 2019, o momo de Salvador ficou sem seu melhor agitador cultural, Carlinhos Brown, que se deslocou para São Paulo. Ivete Sangalo retornou, mas, não com a força que já teve. Diria que o Baiana System é, hoje, o grande agitador, no bom sentido. E Igor Kannario, goste-se dele ou não, o rei da favela. O Psi com seu leão foi bem, mas, nem tanto. E Bell Marques com seus 40 anos de Carnaval é o feijão com arroz sensacional, sempre.

Outra novidade no momo deste 2019 foi a bandeira da paz acenada pelas autoridades máximas do estado e o município, Rui Costa e ACM Neto. Rui chegou a levantar o braço de Neto na entrega da chaves ao rei Momo. São adversários políticos, mas, desta feita entenderam que acima deles está a população. Que, penhoradamente, agradece o gesto da paz. Que as disputas políticas fiquem reservadas ao momento das campanhas eleitorais.

E como os leitores são esquecidos lembro que esse gesto de paz aconteceu pela primeira vez, de público, no adro da Basilica de Nossa Senhora da Conceição, na saída do cortejo da Lavagem do Bonfim, em janeiro deste ano (Vide foto)

Gesto do adro da Conceição segue no Carnaval. A população agradece.

 

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