sexta-feira, 29 março, 2024

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Professores youtubers atraem milhões

Professores youtubers – já chamados de edutubers – fazem sucesso aproveitando-se justamente do que os jovens sentem falta na educação formal: agilidade, linguagem fácil e próxima dos adolescentes, estratégias para entreter o aluno. Os canais com vídeoaulas chegam a ter 5 milhões de visualizações por mês. Nas redes sociais, os professores são tratados como estrelas e têm até fã-clube.

Só com a receita dos vídeos, a chamada “monetização do Youtube”, que leva em conta visualizações e publicidade, os mais conhecidos ganham cerca de U$ 2 mil (R$ 8,4 mil) por mês. O piso salarial do professor do ensino básico público é de R$ 2.455. O salário do docente de ensino médio na maioria das escolas privadas de São Paulo é de menos de R$ 6 mil, segundo dados do sindicato da categoria.

A popularidade dos vídeos faz com que eles vendam ainda cursos online, posts patrocinados nas redes sociais e sejam chamados para aulões pelo País por colégios e empresas. O cachê pela participação é de cerca de R$ 8 mil.

“A sala de aula ficou obsoleta, agora o aluno pode voltar, pausar, ouvir de novo a explicação que não entendeu”, diz o curitibano Noslen Borges de Oliveira, de 40 anos, o professor Noslen. Recentemente ele se demitiu do último dos sete empregos que acumulava, em escolas e cursinhos. Hoje, só na internet, já ganha mais. “Na escola, o professor é aquele que foi colocado lá e pronto. O aluno gosta de mim porque me escolheu.”

Seu canal de Português e Literatura tem 2,4 milhões de inscritos, que é como se chama quem o acompanha com frequência e recebe notificações quando um vídeo é publicado. São alunos de São Paulo, Rio e Nordeste, entre 17 e 24 anos. Bem-humorado, ele assoa o nariz no meio da explicação sobre orações subordinadas e não edita quando se confunde ao falar. No período da preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), foram 5,7 milhões de visualizações no canal. “As pessoas me param na rua para me agradecer, tiram fotos.”

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