terça-feira, 19 março, 2024

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Home office deixará escritórios vazios e aluguel cairá, dizem especialistas

O aumento do uso do home office durante a pandemia rompeu com a resistência que muitas empresas tinham com esse tipo de trabalho. Analistas de mercado afirmam que muitas devem mantê-lo, ao menos em parte, após a crise. Com menor necessidade de espaços de escritório em regiões comerciais de grandes cidades, a tendência é que aumente a quantidade de imóveis vagos e o preço de aluguéis caia, de acordo com especialistas consultados pelo UOL. Isso não significa, porém, que os bairros comerciais deixarão de existir, segundo eles.

Home office na pandemia

Segundo estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 8,4 milhões de pessoas no Brasil estavam trabalhando remotamente em julho. Esse número caiu ao longo da pandemia. No mês anterior, eram 8,7 milhões de pessoas trabalhando à distância.

Ainda assim, esse número é bem abaixo da estimativa de potencial de home office, ou seja, de número de trabalhadores que poderiam estar realizando suas atividades remotamente, segundo análise do próprio Ipea. O instituto aponta que o formato poderia ser adotado em 22,7% das profissões no Brasil, alcançando mais de 20 milhões de pessoas.

Imóveis vazios e aluguéis mais baixos

Para Alberto Ajzental, coordenador do curso de Negócios Imobiliários da FGV (Fundação Getulio Vargas), além da queda nos aluguéis, algo que já vem sendo observado desde o início da pandemia por causa das renegociações, a tendência para os próximos meses é de aumento de imóveis comerciais vazios, como consequência da adoção do teletrabalho.

Ele calcula que uma empresa em São Paulo, dependendo do padrão do escritório, gasta entre R$ 1.500 e R$ 2.000 por mês por funcionário para proporcionar um espaço de trabalho de dez metros quadrados ao funcionário, somados os custos como aluguel, condomínio, luz, IPTU, e assim por diante.

Escritórios virarão casas?

Com menor procura por espaços comerciais, é possível que imóveis vagos sejam readequados para outros fins, até mesmo para serem residências? Danilo Igliori acredita que sim. “Por exemplo, o centro da cidade (de São Paulo), mesmo pré-pandemia, já estava começando a ter um processo desse tipo, de requalificação de antigos espaços comerciais para virar prédios residenciais.

Um fenômeno desse tipo, eu acho que fará todo sentido em alguns espaços. Em que magnitude e exatamente em quais espaços ainda é cedo para dizer, mas faz todo o sentido a gente pensar em requalificação dos espaços”, diz.

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