sexta-feira, 29 março, 2024

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Estudantes recebem aulas em hospitais, casas de acolhimento e até em domicílios

Escola Municipal Hospitalar Irmã Dulce.

Crianças e jovens hospitalizados podem receber aulas nos leitos de hospitais, casas de acolhimentos onde estejam internados ou passando por tratamento, e até mesmo em casa. Graças à sensibilidade do trabalho desenvolvido pela Escola Hospitalar e Domiciliar Irmã Dulce, que integra a rede da Secretaria Municipal de Educação (Smed), mil alunos recebem suporte educacional mensalmente. Com intuito de manter as atividades pedagógicas em dia com o calendário letivo, o projeto leva aulas para alunos com deficiência, cardiopatias, com patologias graves, problemas oncológicos, em tratamento de hemodiálise, entre outras circunstâncias.

Para ingressar no sistema, é preciso que os estudantes estejam internados ou impossibilitados de frequentar a sala de aula. Vítima de um câncer ósseo, Giovana Santos Silva, 12 anos, passa por tratamento no Hospital Martagão Gesteira, no Tororó. É também no leito da unidade que recebe os ensinamentos da professora municipal Roberta Bahiense, carinhosamente chamada por ela de “pró”. Animada com a aula de Ciências e as tantas descobertas sobre o sistema solar, a pré-adolescente fala sobre como se sente ao ter aulas enquanto é submetida à quimioterapia. “Eu aprendo muito. Faço atividade, avaliação, me ocupo. Quando ela não vem, fico triste”, diz a menina que cursa o 5º ano.

Para a mãe, Marina Silva, 45 anos, as aulas são fundamentais e ultrapassam a questão do conhecimento e cumprimento do ano letivo. “Ela melhora quando a pró vem. Fica feliz, se sente importante, ocupada. Esse trabalho é maravilhoso”, frisa. A importância das aulas também é reconhecida pela pró. Ele destaca que a rotina, a aplicação de atividades e avaliações possibilitam a garantia da passagem do ano letivo. “Emitimos parecer, relatórios e a criança não perde o ano. Tudo isso levando em consideração a doença, o tratamento e o aprendizado”, explica Bahiense. Os resultados estampam um mural que fica no corredor. Colagens, atividades de pintura e tudo que é produzido por eles colorem as paredes do hospital.

A unidade física fica em Amaralina, no entanto a Escola Hospital promove aulas para estudantes internados em 13 hospitais, três clínicas de hemodiálise, três casas de apoio e no Lar Vida, em Canabrava. Além do Martagão, os profissionais levam ensinamentos aos estudantes hospitalizados no Hospital Ana Nery, Aristides Maltez, Couto Maia, Eládio Lasserre, Otávio Mangabeira, Roberto Santos, Santo Amaro, Santo Antônio, Santa Izabel, São Rafael e Subúrbio. O trabalho também é desenvolvido nas clínicas D Vita, Climbahia e Clínica Senhor do Bonfim, todas especializadas em hemodiálise).

Docentes também ministram aulas nas casas de apoio Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC), Casa da Criança Solange Fraga, Núcleo de Apoio ao Combate doCâncer Infantil (Nacci), Associação Beneficente Amiga da Criança (ABAC) e no Lar Vida em Canabrava. Há três anos a escola deixou de ser apenas um programa educacional de inclusão e passou a integrar a rede municipal de ensino de forma regular.

A diretora da escola, Tainã Rodrigues, explica que as aulas têm uma metodologia e dinâmica diferenciadas e variam de acordo com o espaço ofertado e patologia de cada paciente. Segundo ela, nos casos dos hospitais, a aula é adaptada à rotina da unidade. “Há algumas instituições que disponibilizam salas de aula, então forma-se uma turma. No entanto, em alguns casos, ocorrem nos leitos e as aulas são oferecidas de forma individual, como no caso de Giovana.

Casos menos graves – A diretora destaca que o atendimento vai além dos casos graves, contemplando também crianças com viroses, aquelas que tenham realizado pequenas cirurgias ou possuam outros problemas que necessitem de tratamento de curta duração. A ação engloba desde quem passa dois dias como também dois anos internado. Atualmente, a equipe conta com 35 pedagogos, quatro professores de música, uma equipe técnica pedagógica, que faz parte da gestão da escola, incluindo uma diretora, uma vice-diretora e duas coordenadoras.

Duzentos e vinte estudantes da rede municipal estão matriculados de forma regular na unidade. Mais outros 160 com doenças crônicas como fibrose cística, diabetes, obesidade mórbida, anemia falciforme e aqueles com internamentos rápidos, pequenas cirurgias e doenças de cura rápida também são contemplados pela iniciativa. Além disso, mais 20 crianças que estão em casa, sem possibilidade de sair das suas residências, também recebem aulas em seus domicílios.

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