sexta-feira, 29 março, 2024

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Comida e produtos diversos chegam aos ônibus

Com 13 milhões de pessoas desempregadas no país, o mercado informal tem sido uma das alternativas que o brasileiro encontrou para driblar a crise e sobreviver.

Com 13 milhões de pessoas desempregadas no país, o mercado informal tem sido uma das alternativas que o brasileiro encontrou para driblar a crise e sobreviver. Na Bahia,  o cenário não é diferente. Mas além dos tradicionais pontos fixos de vendas de produtos no centro da capital baiana, os ônibus de Salvador se transformaram em verdadeiros centros do comércio ambulante.

Os tradicionais picolés, doces e água mineral ainda são vendidos, mas agora tem pãozinho delícia, abará recheado, trufas, pomada massageadora, incenso, livros e até acessórios para celular no mix de produtos ofertados nos coletivos.

Desempregada há um ano e meio,  Daniela Silva de Jesus, de 29 anos, passa o dia entrando nos coletivos que saem da Estação da Lapa com sua cesta de pão delícia nas mãos. O salgado genuinamente baiano faz sucesso no buzu e se transforma no lanche durante a viagem.

É assim que ela consegue o dinheiro para manter sozinha os  filhos de oito e dois anos de idade. “O pão é um produto diferente, todo mundo gosta e por isso vende mais rápido que outras coisas”, acredita.

Um pacote com seis unidades custa R$2, dos quais R$1 é o lucro da vendedora. “O lucro é pouco, porque eu sou mãe solteira e tenho que sustentar os meninos com esse dinheiro, mas graças a Deus nunca faltou nada para eles”, completa.

Já Rafael Oliveira, de 18 anos, passou quase dois anos vendendo água e refrigerante. Há um ano conseguiu aumentar significativamente a margem de lucro  com a venda de pomadas massageadoras. Segundo ele, já chegou a faturar até R$1,8 mil mensal com a comercialização do cosmético.

Passageiros

De acordo com o presidente da União dos Baleiros do Estado da Bahia (Unibal), Gilson Rodrigues, atualmente há 1,2 mil ambulantes cadastrados na cidade para atuar nos coletivos.

No entanto, com o aumento do índice de desemprego, estima-se que o número de vendedores seja maior, sobretudo porque muitos atuam na informalidade, sem credenciamento na entidade.

Rodriguez explica que a atual diversidade de produtos vendidos nos ônibus é fruto de pedidos dos próprios passageiros.

Abordagem 

Alguns usuários de ônibus reclamam da forma como são abordados pelos vendedores. Mas há quem não se incomode. “É uma forma dele ganhar o pão. Querendo ou não ele está ali com um propósito”, disse a estudante Yasmim Souza, de 20 anos.

Para o diretor do Sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota, apesar de a categoria compreender a importância do trabalho dos vendedores para manutenção de sua própria subsistência, eles atrapalham a rotina dos motoristas. “Eles pedem para parar fora do ponto, às vezes entram vários de uma vez só no ônibus. É um problema complexo, porque a gente não pode barrar, mas tem que ter um limite, um ordenamento”, afirma Mota.

Gilson Rodrigues esclareceu que os baleiros que agem de  maneira desordenada normalmente não são os credenciados pela Unibal. “Estamos buscando trazê-los para a associação para trabalhar uniformizados e gerar mais segurança tanto para eles, quanto para motoristas, cobradores e passageiros”, revelou.

Segurança

O quesito segurança também foi levantado por Daniel Mota. No último dia 28, quatro homens disfarçados de vendedores ambulantes assaltaram um ônibus, na região do Iguatemi. Os suspeitos roubaram celulares, relógios e outros objetos pessoais dos passageiros.

Conforme a Unibal, todo vendedor credenciado passa por uma palestra sobre formas de abordagem do passageiro, que deve ser gentil e sem coação. Além disso, eles assinam um termo de responsabilidade se comprometendo a não emprestar o material de trabalho (colete e crachá) e agir de maneira ordeira, respeitando sempre o limite de um vendedor por coletivo.

Quem descumprir as normas está sujeito à advertência e, em caso de reincidência, pode ser proibido de renovar o credenciamento.

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