sexta-feira, 29 março, 2024

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Petróleo atinge maior valor desde 2014

Os preços internacionais do petróleo subiram ontem e atingiram os níveis mais altos desde o final de 2014, impulsionados pelo aprofundamento da crise econômica na Venezuela e pela expectativa de uma decisão dos Estados Unidos sobre sanções ao Irã.

O petróleo Brent subia 0,77 dólar, ou 1,03%, a 75,64 dólares por barril, às 8h29 (horário de Brasília). No início da sessão, eles atingiram o maior nível desde novembro de 2014, a US$ 75,89 por barril.

(Foto: Arte CORREIO)

Venezuela
Um dos vilões na alta dos preços do petróleo em todo o mundo é a crise econômica na Venezuela, um dos maiores exportadores da commodity e que tem 96% de sua renda concentrada na atividade.

“O crescimento da produção nos EUA está sendo contrabalançado pelo declínio simultâneo na Venezuela”, disse o analista do Commerzbank, Carsten Fritsch, em entrevista à Reuters.

A produção venezuelana caiu pela metade desde o início dos anos 2000, para 1,5 milhão de barris por dia, conforme o país sul-americano não conseguiu investir o suficiente em sua indústria de petróleo.

Acontece que o preço do barril de petróleo passou de 120 dólares em 2008 para menos de 50 dólares a partir de 2014. Além de perder a capacidade de importar produtos básicos que não são fabricados no país, a Venezuela não conseguiu manter os investimentos sociais e na sua principal indústria. O resultado foi uma inflação que já ultrapassa os 800% ao ano, falta de alimentos, remédios e outros produtos nos mercados e acirramento dos protestos contra o governo de Nicolás Maduro, o que levou ao aumento da violência no país. O cenário é de crise não apenas econômica, mas social e política.

EUA X Irã
Os Estados Unidos, por sua vez, aumentaram sua produção de petróleo. O país adicionou nove plataformas de petróleo, elevando a contagem total para 834, segundo afirmou na sexta-feira (4) a empresa de serviços energéticos Baker Hughes.

Ontem, no entanto, o preço do barril de petróleo ultrapassou os US$ 70 pela primeira vez desde novembro de 2014. O mercado está em alerta por conta da iminente decisão do país de se retirar do pacto nuclear iraniano, um fator a mais de risco ao setor de petróleo.

O prazo para a renovação do acordo nuclear entre o Irã e seis potências vence em 12 de maio, e se Washington decidir se retirar do acordo, pode haver uma restrição na oferta de petróleo e os preços subirem ainda mais. O papel do Irã é fundamental na oferta mundial de petróleo porque o país é o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec).

“Se Donald Trump optar por sair do acordo, isso reduziria muito o volume de exportação de petróleo iraniano ao mercado mundial, onde os estoques já estão começando a cair”, alertou Andy Lipow, da Lipow Oil Associates, em entrevista à AFP.

A todos esses fatos, somem-se as novas sanções anunciadas ontem pelos Estados Unidos tanto para a Venezuela quanto para o Irã, dois grandes exportadores de petróleo para o mundo inteiro.

Consequências
Mas o que o brasileiro tem a ver com tudo isso? A mais imediata e provável consequência do aumento do preço do petróleo, na avalição de especialistas, é o aumento no preço da gasolina e do diesel para o consumidor no Brasil. Isso por causa da política de preços da Petrobras, que faz seus reajustes tendo como base a cotação do petróleo no mercado internacional e do câmbio.

No período de seis de abril a cinco de maio deste ano, o preço do barril do petróleo tipo Brent subiu 12,28%, de US$ 66,68 para US$ 74,87. No mesmo período, o dólar teve alta de 4,72%, saindo de R$ 3,369 para R$ 3,528. O preço médio da gasolina vendida às distribuidoras, em igual período, teve variação de 10,3%. Saiu de R$ R$ 1,647 para R$ 1,817.

O próprio aumento do combustível pode levar a um encarecimento de outros produtos e serviços, já que o frete incide no montante final pago pelo produto.

Por outro lado, a escalada do preço do petróleo contribui para o aumento da arrecadação da União e governos estaduais e municipais com royalties e participações especiais recolhidos sobre a produção de óleo e gás no Brasil.

A arrecadação com royalties cresceu 23,3% nos 4 primeiros meses de 2018, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE).

União, estados e municípios receberam este ano R$ 6,4 bilhões ante R$ 5,19 bilhões nos 4 primeiros meses de 2017.

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