quinta-feira, 28 março, 2024

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Mesmo proibida, guerra de espadas continua e deixa feridos

A prática é uma manifestação cultural centenária que envolve a disputa entre grupos que vão às ruas com os artefatos.

Nem mesmo o reforço da Justiça sobre a proibição da famosa guerra de espadas impediu que a prática ocorresse mais uma vez em municípios baianos. Principalmente em Cruz das Almas, Senhor do Bonfim e Santo Antônio de Jesus, cidades em que a “brincadeira” existe há centenas de anos.

A prática é uma manifestação cultural centenária que envolve a disputa entre grupos que vão às ruas com os artefatos, um canudo de papelão recheado de pólvora, que, ao ser aceso, é lançado desgovernadamente deixando um rastro luminoso por onde passa.

No último domingo (23), a polícia e espadeiros chegaram a entrar em confronto devido a prática irregular. Ao identificar a guerra de espadas sendo realizadas em Senhor do Bonfim, policiais militares entraram em confronto com o grupo e dispararam balas de borrachas.

Segundo informações do portal G1, quatro pessoas deram entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município. Duas delas, um homem e uma mulher, foram por ferimentos devido aos com balas de borracha. Outra foi levada à UPA por queimadura com os fogos, além de uma vítima que passou mal após inalar fumaça.

Em Senhor do Bonfim a prática é proibida desde 2017, quando a Justiça baiana chegou a declarar inconstitucional a Lei Municipal nº 1.400/2017, que declarava a guerra de espadas como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade.

No dia 19 de junho deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) reforçou a decisão de anos anteriores e manteve uma liminar que proíbe a prática especificamente em Senhor do Bonfim.

No decisão, o ministro Luiz Fux, presidente da Corte, manteve a decisão da ministra Carmen Lúcia, proferida em maio de 2018, na qual é destacado o risco de morte dos chamados espadeiros.

A prefeitura da cidade chegou a pedir a suspensão da liminar, justificando que a prática movimenta a economia na cidade, mas não houve êxito no pedido. Pouco antes da decisão do STF, no dia 10 de junho, foi decretada a proibição da “brincadeira” pelo terceiro ano consecutivo”, após o Ministério Público da Bahia (MP-BA) mais uma vez apontar ilegalidade na ação.

Segundo o MP, fabricar, possuir e soltar esse tipo de artefato resulta em crime cujas penalidades envolve multa de até R$ 10 mil e prisão que pode chegar a seis anos.

Ocorrências em outros municípios – Em Santo Antônio de Jesus, entre quinta (20) e domingo (23), segundo dados preliminares, o hospital regional do município recebeu quatro pessoas por conta de acidentes com fogos. No mesmo período, em 2018, foram 14 ocorrências.

O levantamento preliminar para a cidade de Cruz das Almas também foi considerado pequeno. Em 2018, somente no domingo (23) haviam sido registradas 23 ocorrências de pessoas feridas por fogos sendo atendidas no hospital. Já este ano o número caiu para três, referente a somente o dia 23 de junho.

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), os dados oficiais sobre o número de feridos será divulgado nesta terça-feira (24).

Fragmentos de fogueira e de fogos de artifício podem causar trauma ocular e levar à cegueira

Lesões nas córneas e perda de visão podem aumentar no período junino. Isso porque, com os festejos e costumes do período, a população fica mais exposta à fumaça, faíscas de fogueira e de fogos de artifício – elementos que podem comprometer a saúde ocular.

Por isso, o médico oftalmologista do DayHORC, Marcos Vale, alerta a população sobre cuidados preventivos, como evitar locais com muita poluição e ter cautela ao manusear produtos explosivos.

De acordo com o especialista, um dos problemas mais frequentes é o contato dos olhos com fragmentos provenientes da queima de fogueiras e da exposição à fumaça, que provocam sensação de areia e lacrimejamento.

“Essas partículas podem ainda causar lesões na córnea ou aderirem a parte interna das pálpebras, gerando dor e vermelhidão”, explica.

É comum também ocorrer irritação nos olhos, com sintomas semelhantes à conjuntivite, tais como ardor e fotofobia, mas que não causam sequelas. Já dentre os acidentes oculares mais preocupantes, e com maior gravidade, estão as queimaduras nos olhos. “A depender da extensão, o paciente pode ter a visão comprometida de forma irreversível”, alerta Marcos Vale.

Atendimento – Soluções caseiras podem ajudar a melhorar leves incômodos, como o uso de soro fisiológico e a higienização dos olhos em água corrente.

Mas, em casos de acidentes, como explosão e sintomas persistentes de embaçamento, dificuldade para enxergar, dores ou irritação, é preciso buscar o serviço de emergência 24 horas, de imediato, para que sejam adotados os tratamentos adequados para cada situação.

O médico alerta ainda para os riscos da automedicação, como o uso de colírios e pomadas, pois podem agravar os sintomas.

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