sexta-feira, 29 março, 2024

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Google indeniza funcionários homens por ganharem menos que as mulheres

Estudo sobre salários da empresa tecnológica surpreendeu por mostrar uma disparidade favorável às trabalhadoras em uma categoria de programadores.

O estudo anual feito pelo Google sobre os salários de seus funcionários foi concebido para detectar qualquer disparidade relacionada com gênero e raça, para corrigi-la antes de que fosse um problema. Mas a empresa tecnológica descobriu que estava pagando menos para os homens do que para as mulheres que faziam o mesmo trabalho, e agora ela precisa indenizar milhares de funcionários homens afetados por esta discriminação, conforme anunciou nesta segunda-feira o gigante tecnológico em uma postagem no seu blog.

A análise estatística que a empresa faz anualmente revelou uma discrepância entre os engenheiros de programação que levou a um ajuste salarial. A companhia anuncia que distribuirá 9,7 milhões de dólares (36,6 milhões de reais) para compensar 10.677 funcionários por terem recebido menos dinheiro em 2018 devido ao seu gênero ou raça. Não se especifica quantos deles são homens.

O Google, como outras grandes empresas tecnológicas do Vale do Silício, está sendo alvo de um intenso escrutínio sobre questões relacionadas ao gênero. A discriminação salarial é uma delas, mas também o assédio sexual. Os empregados da Alphabet, companhia controladora do buscador, protagonizaram recentemente uma jornada de protestos em todo o mundo para forçar os executivos a agirem.

A Alphabet, matriz do Google, tinha quase 99.000 funcionários no final de 2018. O resultado da análise causou surpresa na imprensa especializada em questões tecnológicas, porque o que era denunciando até agora era que a disparidade salarial prejudicava as mulheres. Também chama a atenção a diligência com a qual se corrige o problema, pois as empresas tecnológicas levaram anos até admitirem o problema com o gênero e a raça.

Sete em cada 10 empregados do Google são homens, uma cifra que sobe para 75% nos cargos de direção. Além disso, 53% dos empregados são brancos, e 36% são asiáticos, ao passo que os negros e latinos representam apenas 2,5% e 3,6% respectivamente. A companhia de Mountain View admite que deve se empenhar mais para ter uma mão de obra mais diversificada, um problema que outros grandes atores da indústria tecnológica admitem ter também.

O estudo anual que o Google realiza desde 2012 para determinar a igualdade salarial, entretanto, não é perfeito e oferece uma imagem incompleta. Por exemplo, não especifica se uma engenheira recebe ao ser contratada a mesma remuneração que um homem com as mesmas qualificações. Barbato assinala que os procedimentos estão sendo revistos para resolver esses problemas estruturais.

“A remuneração deve ser baseada no que você faz, não em quem você é”, afirma Lauren Barbato, a encarregada de analisar a igualdade salarial no Google. A companhia, explica, conta com um algoritmo que determina o pagamento em função do trabalho que o empregado faz, o local onde o desempenha, seu cargo e seu rendimento. Se a direção quiser ajustá-lo “deve facilitar um argumento claro”, acrescenta.

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